Tinha eu uns 11 ou 12 anos e
comprei um livro de BD chamado "Eusébio Pantera Negra" de Eugénio
Silva (Meribérica Liber, 1990), onde é relatada a sua biografia. Os meus amigos, na altura - quase todos
benfiquistas, acharam estranho eu ter um livro sobre o Eusébio, para mais com o
símbolo do Benfica na capa - uma vez que eu era um adepto ferrenho do FC Porto.
Os mais próximos não terão estranhado tanto, até porque sempre lidaram com
o meu desportivismo, e era frequente fazerem-me perguntas sobre o clube deles.
Eusébio foi um dos maiores
jogadores do mundo de todos os tempos. Creio que pouco importa em que lugar
ficaria nessa classificação. E seguramente dos mais consensuais de todos, pelas
suas enormes qualidades enquanto atleta e pelo seu admirável fair-play.
O jogo de Eusébio mais vezes referido
é o célebre Portugal – Coreia do Norte (1/4 final do campeonato do mundo de
1966), onde a selecção nacional chegou a estar a perder por 3-0 mas deu a volta
até aos 5-3 graças à força de Eusébio e aos seus 4 golos (vestindo a camisola
13 e não o seu habitual 10). Só nesse mundial os seus golos foram 9 (único
futebolista português a ter o título de melhor marcador de um mundial até
hoje), e 2 deles foram marcados ao então campeão do mundo Brasil. Uma das
imagens mais vezes repetida desse mundial mostra a desilusão de Eusébio em
pleno estádio de Wembley, banhado em lágrimas, depois da derrota frente à
Inglaterra por 2-1 nas meias finais (o golo português também foi apontado por
ele). E daí em diante, as vitórias de Portugal sobre a Inglaterra, ou do
Benfica sobre equipas inglesas foram sempre festejadas de forma particularmente
sentida pelo “Pantera Negra” - basta lembrar as imagens do Euro 2004 e do
desempate por grandes penalidades.
Embora Eusébio “seja de todos”,
é impossível falar dele sem falar do Benfica e vice-versa. E se é certo que
quando chegou à Luz encontrou já uma grande equipa (em 1961 o Benfica foi
campeão europeu ainda sem ele), com Eusébio os encarnados atingiram um patamar
nos anos 60 dificilmente igualável. Para além da Taça dos Campeões Europeus de
1962, conquistada com uma vitória na final por 5-3 sobre o Real Madrid de Di
Stéfano (o seu grande ídolo) e Puskas, foram mais 3 finais alcançadas – 1963,
1965 e 1968 (AC Milan, Inter e Manchester United respectivamente).
Ficam aqui algumas belas imagens do
mundial que deu a conhecer ao mundo o eterno “Pantera negra”. Chamo a atenção
para o pormenor de Eusébio depois de marcar grandes penalidades – cumprimenta os
guarda-redes batidos, num gesto genuíno e habitual nele (foi assim com Gordon
Banks de Inglaterra e Yashin da União Soviética).
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